Detalhe da campanha do Burger King não pode passar despercebido

 Detalhe da campanha do Burger King não pode passar despercebido

Peça publicitária da rede de fast food ficou em evidência e gerou polêmica

Alguns dias se passaram desde a repercussão polêmica da campanha da rede de restaurantes fast foodBurger King. O assunto já está sendo menos comentado e, com certeza, o que a empresa espera agora é o crescimento do reconhecimento da marca.

Esse é o detalhe que não pode passar em branco a respeito da peça publicitária lançada na última quinta-feira, dia 24, intitulada “Como explicar?” onde crianças, ao lado dos seus responsáveis, contam como enxergam os diferentes tipos de relações da atualidade e o que pensam sobre a comunidade LGBTQIA+.

“Eu nunca tive uma madrasta, só quando a mamãe falou pra mim que ela namorava com ela, aí que eu percebi que eu tinha uma madrasta”, detalha uma das participantes. “É quando um menino gosta de um menino”, responde outro menino.

Polêmica

Logo depois do lançamento do filme, a internet ficou estampada com manchetes que retratavam a repercussão: “Nova campanha do BK revolta usuários do Twitter”; “BK se pronuncia após ser atacado por campanha”, entre outras.

A ação causou controvérsia e dividiu opiniões. Enquanto alguns defenderam a atitude da empresa, muitos outros condenaram. Não demorou para as hashtags #BurgerKingLixo e #BurgerKingnuncamais entrarem para os assuntos mais comentados no Twitter.

“Criança precisa ser criança. Deixem-nas em paz. A única preocupação que precisam ter é brincar e se sujar”, dizia um internauta. “Parem de problematizar isso. Toda forma de amor é linda”, apontava outro.

Além disso, no dia da divulgação da propaganda, a colunista Patrícia Lages chamou atenção em sua coluna aqui no R7 para a exploração da imagem de crianças.

Estratégia

Dessa forma, enquanto as pessoas discutiam suas opiniões sobre o tema, o Burger King conquistou o que, com certeza, queria: atenção. 

Apesar da velha máxima “falem bem ou falem mal, mas falem de mim” ser conhecida por muitos, não costuma fazer parte de ações do marketing tradicional. Mas, para algumas empresas, como o Burger King, parece ser uma estratégia de vendas, já que nos últimos anos a rede vem lançando campanhas polêmicas. 

Há peças que visam criar burburinho em busca de audiência, porque os profissionais envolvidos pensam que, após o escândalo desaparecer da mídia, o que vai restar, nas semanas seguintes, será um maior reconhecimento e fortalecimento da marca.

Vencendo a manipulação

Não precisa ser muito inteligente para perceber que este comercial, com pouco mais de um minuto, não ensina, de forma alguma, os pais a como explicarem relações LGBTQAI+ para crianças. Os pequenos falam sobre o assunto, mas nada é esclarecido.

E se os pais não quiserem falar ainda sobre o tema com os filhos? Lanchonetes, agora, poderão interferir na criação?

O que essa propaganda fez foi acirrar uma divisão que está latente na sociedade e que não tem sido nada positiva para o futuro do país. 

Outra reflexão importante a ser feita é: Que moral tem o Burger King para querer impor alguma coisa aos pais e responsáveis? Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, nos últimos anos, o percentual de crianças obesas vem aumentando e, de acordo com estudos, essa obesidade está relacionada à propaganda de refeições fast food.

Eles não deveriam, então, buscar melhorar essas estatísticas, já que dizem se preocupar com as crianças? Ah, mas se fizessem isso iriam à falência, não é mesmo? 

Então, com toda esta cortina de fumaça, o Burger King, que somou mais de 4 milhões e 300 mil visualizações no vídeo polêmico, deixou claro que queria estimular o debate por objetivos claros: ficar em evidência e incentivar o consumo de seus produtos para, como toda boa empresa capitalista, enriquecer mais.

Por isso, não sejamos ingênuos, quando se trata de marketing, todo cuidado é pouco.