PM de escolta de prefeito de SP reagiu rápido e corretamente em tentativa de assalto, dizem ouvidor e especialistas

Por Tahiane Stochero, Paula Paiva e Bruno Tavares, G1 SP e TV Globo
02/09/2021
Dupla tentou assaltar agentes da escolta em frente à residência de Ricardo Nunes na manhã desta quarta. Para Elizeu Soares, foi ‘crime de oportunidade’. Um dos suspeitos morreu e outro já foi identificado, mas está foragido.
A ação de policiais militares da escolta do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), durante uma tentativa de assalto com dois ladrões armados na manhã de quarta-feira (1) foi “muito técnica” e “reagindo a uma injusta agressão”, entende o ouvidor das Polícias do estado, Elizeu Soares Lopes.
A tentativa de roubo ocorreu em frente à casa do prefeito em Interlagos, na Zona Sul da capital paulista.
A opinião dele é reiterada por outros especialistas em segurança pública ouvidos pelo G1, entre eles o ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente e o coronel da reserva da PM Adilson Paes, que elogiaram a reação da agente da PM (leia mais abaixo).
As imagens da tentativa de assalto repercutiram nas redes sociais. O vídeo mostra dois homens, supostamente armados, anunciando assalto. Uma policial à paisana tenta se proteger e revida com disparos.
Um suspeito morreu e outro, um estudante de 22 anos, foi identificado, mas segue foragido. A moto utilizada na ação foi localizada na casa do suspeito foragido horas depois na Cidade Dutra, na Zona Sul de São Paulo. Segundo a Polícia Civil, ambos já eram investigados por outro roubo. Nenhuma arma foi apreendida.
“Nos parece que foi um crime de oportunidade. Os dois sujeitos estavam trafegando de moto e viram uma mulher indefesa e aproveitaram da oportunidade, tentando assaltar. Não sabiam que se tratava de uma policial e ainda uma PM com perícia, bastante manejo, que conseguiu reagir a uma injusta agressão de um criminoso com arma em punho”, afirma o ouvidor das polícias, Elizeu Soares.
“Não restava para a PM outra possibilidade, além de reagir, pois estava com a vida em risco. Aparentemente, pelas imagens, é uma ação legítima. A policial foi absolutamente correta para repelir a agressão, ela foi muito técnica “, salienta Soares.
Uso moderado da força
José Vicente da Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança Pública, entendeu que a reação da PM foi “proporcional” e “usou dos meios moderados da força para repelir uma injusta agressão”.
“Pelo que deu para ver nas imagens, ela age de forma muito eficiente e competente. Quando a moto se aproxima, anuncia o assalto e saca a arma, ela se prepara, entra no modo defesa-ataque, e revida. Ela foi contida – a resposta padrão é dois disparos, para se você errar um. Mas ela deu um só”, afirma José Vicente.
“Nessa cena, eu não vejo falha na reação da policial feminina. Na minha avaliação, a reação dela foi na medida certa, correta”, entende também o coronel da reserva da PM Adilson Paes.
Ele diz, porém, que, na sua visão, houve uma “falha na equipe de segurança (do prefeito)”, pois a PM estava ao celular quando foi abordada pelos criminosos.
“Porque veja, eles estavam em um veículo oficial, fazendo a segurança do prefeito e sua família. Ela não estava com atenção na rua. O policial no volante devia estar fora do veículo, prestando atenção na rua, para não serem pegos de surpresa. A vida dos policias foi colocada em risco por uma falha de procedimento de segurança”, entende o ex-oficial.
Caso deve ser investigado
Tanto Adilson quanto o advogado Ariel de Castro Alves, especialista em direitos humanos e segurança pública pela PUC- SP e membro do Grupo Tortura Nunca Mais, defendem, porém, que a abordagem deve ser investigada, em especial as circunstâncias da morte do suspeito que fugiu e foi perseguido após a reação da PM, como se podem ver nas imagens (veja vídeo acima).
Tanto a Polícia Civil quanto a PM instauraram inquéritos para apurar o caso.
“Acho que o que está em aberto e precisa ser analisado é se o rapaz foi baleado pelas costas quando estava correndo em fuga. E, nesse caso, ainda precisa ser investigado se na perseguição a pé, o rapaz poderia ter sido detido”, afirma Ariel.
“Não é correto atirar pelas costas, se isso mesmo ocorreu, precisa ser analisado, pois esse não é o procedimento previsto nas normas operacionais da policia e não é que a lei permite”, defende Adilson Paes.